Antes de um jogador, um humano.

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

BOLA NA CAL: Vou contar um segredos para vocês… O blog não teria esse nome no início. Pensávamos em muitos nomes e um dos nomes era “Não é só um jogo”. Mas ficamos com medo que vocês, nossos leitores, esperassem algo por trás do futebol e não do jogo em si. Chegamos ao nome que é hoje, mas esse texto cairia muito bem para o nome que não foi utilizado. Hoje falaremos, não exatamente, de futebol.

Hoje falarei de um jogador do clube mais popular do Brasil, o zagueiro César Martins, do Flamengo. Para começar, nada melhor que as apresentações. César Martins é um zagueiro de 23 anos, revelado pelo Atlético de Sorocaba teve passagens pela Ponte Preta e pelo time B e principal do Benfica e agora joga, por empréstimo, no Flamengo.

O zagueiro se destacou muito na Macaca, onde com suas atuações seguras foi para Portugal jogar pelos encarnados do Benfica. Por lá conquistou um Campeonato Português, uma Taça da Liga e uma Supercopa e depois retornou ao Brasil após fechar com o rubro-negro carioca.

Chegou para ser solução, porém não jogava constantemente em Portugal e com isso não teve algumas boas atuações. E a torcida do Flamengo é impaciente e quer resultados rápidos. Com isso começaram a chover críticas no sistema defensivo, em especial nele e no capitão Wallace. César não soube lidar muito bem, normal para um jogador jovem que nem ele. Via-se, em alguns jogos, sua falta de confiança e medo de errar, porém em outros jogos, jogava mais solto e tinha uma boa segurança.

Depois de excessivas críticas, o Flamengo tomou a decisão de dispensar César Martins. Foi decidido que ele não seria mais relacionado para os jogos e assim que acabasse seu contrato de empréstimo, seria devolvido ao Benfica, porém com a saída de Wallace e a lesão de Juan, ele foi reintegrado ao elenco, pois só dois zagueiros estavam em boas condições, os jovens vindo da base Rafael Dumas e Léo Duarte. César voltou, sem nenhuma forma de ressentimento. Treinava forte para ajudar o clube e até foi torcer para o time no basquete. Porém parte da torcida não o recebeu bem. O carro do jogador foi atacado. Estavam no veículo, além do zagueiro, sua mulher e seu filho de apenas 4 meses. O carro chegou a ter um vidro quebrado.

Agora pare e pense… O que você faria se sua família fosse atacada por uma pequena parte de uma torcida da empresa que você trabalha? Processaria? Sairia da empresa? Os dois? César não fez nada disso. Pelo contrário… Entrou em campo domingo, jogando para torcida que, parte dela, o agrediu. Porém a verdadeira torcida do Flamengo foi contra o ato, mandando várias mensagens de apoio e carinho ao zagueiro e sua família. Páginas de humor foram totalmente contra o ato, o clube lançou uma nota de repúdio, porém o próprio jogador fez o principal papel. Não se escondeu, reclamou na sua rede social, porém não culpou a torcida, e sim aos agressores que estavam no meio, foi profissional e não prejudicou o clube.

Depois dessa medida do Flamengo em abraçar o jogador, e do jogador em não processar o clube, tem tudo para cair nas graças da torcida nesse final de contrato e não veria surpresa se renovasse. César Martins foi jogador, profissional e, principalmente, humano. Com atitudes desse jogador, o futebol continua respirando. Mas com as atitudes desses agressores, o futebol só perde. Mas eles não são torcedores. Os torcedores são os que apoiaram nesta dificuldade.

E força para o baita humano que se provou em ser. Força e boa sorte, César Martins.

Por Raphael Coelho