“Agora, retomamos o caminho do hexa”, diz Zico
Foto: Celso Ribeiro |
CORREIO DE UBERLÂNDIA: Maior ídolo da história do Flamengo, um dos grandes craques que já vestiram a camisa da Seleção Brasileira e considerado pela Fifa, entidade maior do futebol, como um dos quatro melhores jogadores brasileiros de toda a história (ao lado de Pelé, Garrincha e Didi, o ex-jogador Zico esteve em Uberlândia na segunda-feira (26), data em que foi homenageado pelos irmãos Alexandre Pires e Fernando Pires, organizadores da partida beneficente “Futebol contra a Fome”.
Hospedado em um hotel da zona leste da cidade, Zico concedeu uma entrevista exclusiva ao CORREIO de Uberlândia, em que demonstrou outra de suas mais conhecidas qualidades – além da precisão nas cobranças de faltas: o estilo franco das declarações à imprensa.
Durante a entrevista, que se transformou em um bate-papo, Zico falou sobre a Seleção Brasileira, a medalha de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, o craque Neymar, as tragédias do futebol brasileiro em 1982 e 2014 e a campanha que mira o hexacampeonato na Copa da Rússia, em 2018.
Confira os principais trechos da entrevista de Zico ao CORREIO de Uberlândia:
ESTÁDIOS
Os estádios brasileiros precisam ser mais atrativos e não serem usados apenas para o jogo em si. Os espectadores têm que se entreter e divertir nesses espaços. Na Europa e em outros lugares já é assim. Aqui no Brasil também deveria ser assim.
SAÍDA DE JOGADORES
O futebol brasileiro está sem atrativos. Perdemos muito cedo nossos melhores artistas. O Gabriel Jesus, por exemplo, foi o melhor jogador do Campeonato Brasileiro, pelo Palmeiras, e já foi embora, vendido para o Manchester City.
SELEÇÃO BRASILEIRA
A Seleção Brasileira, sob o comando de Tite, está traçando o melhor caminho possível para a Copa de 2018. Estar na Seleção exige os melhores profissionais: jogadores, médicos e por que não a comissão técnica? Tite é o melhor e merece estar lá para fazer um grande trabalho. Acredito que agora retomamos o caminho do hexa.
OURO OLÍMPICO
Não fiquei surpreso com a medalha de ouro nas Olimpíadas do Rio. Na verdade, não existe mais surpresa no futebol. O cara que se surpreende com um resultado é porque está desatualizado, mesmo com toda a tecnologia e meios de comunicação a que temos acesso. O time do Brasil foi marcado em cima da hora e o aperto no início das Olimpíadas foi normal por causa do desentrosamento. Depois, o time criou confiança. As críticas da imprensa fizeram bem aos jogadores e deu tempo de a equipe acordar para conquistar o ouro. O time foi capitaneado pelo Neymar, que cresceu durante as Olimpíadas. Porque todo jogador que esteja no patamar do Neymar tem que estar preparado para ser cobrado constantemente. Se ele é cobrado é porque reconhecem nele a figura do craque.
TRAGÉDIAS NAS COPAS
A derrota por 7 a 1 para a Alemanha, em 2014, nunca vai ser uma página virada em nosso futebol. Perder seria normal, pois a Alemanha tinha o melhor time. Mas não esperávamos uma derrota da forma como foi. Isso nunca será esquecido. Em 1982, nós tínhamos certeza de que venceríamos a Itália, por causa da qualidade da Seleção Brasileira. O placar de 3 a 2 para a Itália realmente foi surpreendente. No fim, vimos que a Itália mostrou força para nos derrotar e futebol para vencer aquela Copa na Espanha. O resultado de 1982 doeu mais do que o 7 a 1 para a Alemanha.
TRAJETÓRIA
Zico nasceu no dia 3 de março de 1953, em Quintino, no subúrbio do Rio de Janeiro. Franzino, ganhou na infância os apelidos Galinho e Arthurzico, origem da alcunha que o consagrou no mundo: Zico.
Aos 14 anos, Zico chegou ao Flamengo, em 1967. Quatro anos depois fazia sua estreia como profissional na vitória de 2 a 1 sobre o Vasco. Maior ídolo da história do Flamengo, Zico marcou 508 gols em 731 jogos pelo clube, conquistando os títulos mais importantes da equipe rubro-negra. O recorde de gols marcados no Maracanã também é de Zico, que assinalou 333 gols no maior palco do futebol brasileiro.
Com as disputas das Copas de 1978, 1982 e 1986, Zico se transformou em ícone mundial do esporte. Além do Flamengo, Zico jogou pela Udinese, da Itália, e Kashima Antlers, do Japão.
Como treinador, Zico dirigiu o próprio Kashima e, em seguida, a Seleção Japonesa, o Fenerbahce da Turquia, o Bunyodkor do Uzbequistão, o CSKA da Rússia, o Olympiakos da Grécia e o GOA da Índia.