Em carta, Grupo Político do Flamengo cobra mudanças.
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ESPN: A crise do futebol do Flamengo e decisões da atual gestão do clube provocaram forte descontentamento do principal grupo político de apoio ao presidente Eduardo Bandeira de Mello. Neste domingo, o SóFla, que reúne mais de 200 sócios do clube redigiu uma carta com duras críticas à gestão de Bandeira de Mello. No texto, o grupo aponta o que considera como erros na condução do futebol, exigindo a contratação imediata de um gerente de futebol e mudanças no comando do departamento, chama de “apática e desinteressada” as negociações para a solução a respeito de um “estádio para o Flamengo” e critica a decisão do dirigente em se ausentar do país, mantendo decisão de aceitar convite da CBF para acompanhar a seleção na Copa América.
Confira a íntegra da carta, abaixo.
Neste sábado, antes de ter acesso à carta, Eduardo Bandeira de Mello reafirmou a decisão de viajar:
“Não pretendo (mudar de ideia). Não é minha intenção. Mas só vou para o primeiro jogo. Como planejado”, respondeu o presidente ao Blog, informando que após a primeira fase retorna ao Brasil e, posteriormente, se junta novamente à seleção.
Também neste domingo, o dirigente disse em entrevista à Rádio Globo que o clube vai anunciar mudanças no futebol nesta semana, mas não adiantou quais.
O SóFla foi formado no início da primeira gestão da chapa azul e tem sido o principal veículo político para aprovação de projetos do grupo que está na presidência. Entre as principais conquistas, está a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal do clube e a alteração do Estatuto para adequação à Lei Pelé, ação pioneira no país. É formado na totalidade por sócios proprietários.
Carta redigida pela diretoria-executiva
O SóFLA acredita no Flamengo. É pela visão de um Flamengo ainda maior que nos mobilizamos, e por nada mais.
É por isso que estamos preocupados com o rumo atual do futebol rubro-negro, pólo máximo de conexão do clube com a sua torcida. Sem um futebol que comunique energia à sua massa de adeptos, o Flamengo se atrofia como ideia e como instituição. Sem vigor, somos apenas um esboço.
Desde o Campeonato Carioca de 1927, em que desfalcados e desacreditados nos sagramos campeões, passamos a ser conhecidos como o “clube da força de vontade”, como bem definiu Mario Filho. Nunca mais nos reconhecemos de outra forma, seja nas quadras ou nos campos, seja nos gabinetes ou nos salões. Se vencemos, atuamos com fibra. Se perdemos, vendemos caro. Mas sempre entregamos sangue e suor, sem rendição.
O Flamengo precisa se enxergar Flamengo. E o espelho do Flamengo, nos últimos meses, embaçou.
Reconhecemos o talento e a paixão de quem conduz a administração do clube. Distinguimos a profissionalização da gestão, o saneamento das finanças e o esforço de erguer do chão nosso Centro de Treinamento. Mas isso não isenta de cobrança o presidente Eduardo Bandeira de Mello, do qual reclamamos ações contundentes e decisivas para a correção da atual gestão:
1. Cobramos senso de urgência para dar ao Flamengo um futebol do tamanho da sua grandeza. O compromisso eleitoral de tratar o futebol como prioridade no triênio 2016-2018 é uma diretriz inegociável e irretratável. E o comando do clube vem falhando nisso;
2. Demandamos a implantação das reformas nos quatro eixos fundamentais do futebol (Gestão, Avaliação de Desempenho e Inteligência de Mercado, Capacitação e Categorias de Base), nos exatos termos do Plano de Metas apresentado no último ciclo eleitoral;
3. Reivindicamos a imediata contratação de um gerente de futebol para aprimorar a condução esportiva/técnica do departamento. Um profissional capaz de acompanhar as metas estabelecidas para a comissão técnica e para o elenco, com comparação entre os resultados de campo e a tática, a performance individual e o método empregado nos treinamentos;
4. Cobramos empenho e proatividade na busca de uma solução de estádio para o Flamengo mandar seus jogos na cidade do Rio de Janeiro. A forma apática e desinteressada com que o tema foi conduzido nos últimos meses exprime falha de planejamento e falta de atenção com o torcedor;
5. Manifestamos nossa total discordância com a decisão do presidente de se ausentar do país pelas próximas semanas, justamente neste momento em que todos os esforços deveriam ser concentrados no Flamengo. Assombra-nos a resolução do mandatário em atender, sem hesitação, ao chamado de outra instituição que não o clube.
Confiamos que os integrantes da Diretoria que se manterão entre os muros da Gávea conseguirão enfrentar nossos problemas imediatos. Mas estamos igualmente convictos que a solução parte da indispensável e urgente mudança no comando profissional do futebol.
A glória do Flamengo é lutar, diz o Hino Oficial em seu segundo verso. Assim é: lutamos, lutamos sempre e só depois conferimos o placar. Porque da luta vem a vitória. Que o Flamengo siga lutando, para continuar Flamengo.