Flamengo diz que obra do Botafogo na Arena da Ilha foi mal feita.
Foto: Gilvan de Souza / Flamengo |
GLOBO ESPORTE: A série de desavenças entre Flamengo e Botafogo ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira. O motivo? A cratera vista entre os setores Norte e Leste da Arena da Ilha. Em uma rede social, o vice-presidente de administração do clube rubro-negro, Rafael Strauch, acusou o rival – antigo inquilino do estádio – de “desonestidade” por saber da necessidade de obras na tubulação atrás de um dos gols antes mesmo de devolver. As declarações não caíram bem em General Severiano.
O que o Flamengo diz
Em reportagem do GloboEsporte.com no início de março, o diretor de novos negócios do clube, Marcelo Frazão, minimizou o problema da tubulação e disse que a principal razão do atraso devia-se à instalação das torres de iluminação.
– Havia um trabalho que precisava ser feito desde o início da obra, que é o ajuste da tubulação, porque tem uma passagem fluvial por trás do estádio, a passagem fica atrás da arquibancada. E isso está sendo feito em paralelo a todas as obras que estão sendo feitas. O que mais falta, e é até visível, são as colocações das torres de iluminação, o telão, e o acabamento de alguns vestiários, fechamento das (laterais) das arquibancadas com lonas, e a parte final atrás do Setor Leste, que é a área de convivência, com alimentação, banheiro, etc., onde há um trabalho sendo finalizado naquela área. Mas o principal hoje é iluminação – disse Frazão.
Após a “Folha de S.Paulo” publicar a reportagem sobre o atraso da obra, em virtude da cratera da tubulação, o Flamengo divulgou nota e informou que “o problema da tubulação no estádio Luso-Brasileiro é antigo e público desde outubro do ano passado quando era administrado pelo Botafogo. Ao assumir o estádio, o Flamengo tomou todos os cuidados incluindo, nas diversas alterações que fez no projeto, o desvio e reconstrução da tubulação em questão para total segurança do espaço.”
Em entrevista ao GloboEsporte.com, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, afirmou que o fato da nova arquibancada ser maior do que a anterior feita pelo Botafogo em nada influi na intervenção que precisou ser feita.
– Não tem nada disso (problema de peso da arquibancada). O que existe ali, na verdade, é um canal de águas pluviais que desce daquele morro ali em direção ao mar. Existia isso há um tempo e fizeram uma galeria de águas pluviais que passa ali embaixo da arquibancada do outro lado da social. Essas obras estão em fase final de conclusão. Aquela galeria passava embaixo da arquibancada, aí o Botafogo subiu a arquibancada e eles (Botafogo), provavelmente, nem sabiam que passava a galeria ali embaixo. Um dia a galeria cedeu. Aí chamamos a Rio Águas, especialistas e isso tudo atrasou a nossa obra.
Sem citar o Botafogo, Bandeira afirmou que o trabalho feito pelo clube Alvinegro não era de qualidade e teve que ser refeito quando o solo cedeu. O GloboEsporte.com questionou o presidente do Flamengo sobre os estudos preliminares de solo, se constataram este problema.
– Analisamos as sondagens feitas pela (empresa) Mills quando da construção da arquibancada do Botafogo. O problema surgiu depois e evidenciou que o trabalho tinha sido mal feito. Por isso, optamos por fazer um serviço completo, responsável e dentro dos mais rigorosos padrões de segurança, ainda que pudesse acarretar um atraso na conclusão da obra – respondeu o presidente do Flamengo.
O que o Botafogo diz
No fim do ano passado, o Botafogo negociava com a Portuguesa a renovação do contrato por dois anos (até 2018). A Portuguesa cobrava R$ 200 mil por mês de aluguel. O Botafogo orçou que, para fazer a obra que o Flamengo está fazendo agora, precisaria gastar até R$ 5 milhões. Tentou negociar com a Portuguesa da seguinte forma: custeava a obra e baixava o aluguel para R$ 50 mil, mas não houve acordo.
Quando estava construindo a Arena, o Botafogo encomendou um estudo de solo. O laudo apontou que se arquibancada da ala leste tivesse capacidade para até 6 mil pessoas, a obra não precisaria ser completa (como o Flamengo está fazendo agora). O clube instalou espécie de tubos de concreto em três pontos para proteção da rede de esgoto e escoamento de águas pluviais.
– O estádio estava sendo utilizado normalmente com todos os laudos. Mas montamos o estádio para capacidade que os nossos técnicos consideraram adequadas. Não conheço os detalhes e os métodos que foram utilizados agora. O estádio é da Portuguesa e está alugado ao Flamengo. O Botafogo não tem absolutamente nada a ver com isso. Mas reflete a incompetência deles fazerem o estádio funcionar. O Botafogo enfrentou e contornou as dificuldades. Botou o estádio em boas condições e devolveu o espaço da forma como recebeu. O que resolveram fazer depois é o problema do Flamengo e da Portuguesa – disse CEP, que finalizou.
– Quem sabe faz, quem não sabe fica por aí chorando.
Farpas virtuais x resposta do Botafogo
O vice de administração do Flamengo acusou o Botafogo publicamente. Disse no Twitter que “o Botafogo sabia do problema! Nós soubemos em fevereiro e daí em diante estamos tomando TODAS as medidas para resolver. Coisa que eles não fizeram. Quem é responsável e honesto resolve o problema! Quem é irresponsável e desonesto esconde. Não resolve e lida com coisa séria fazendo graça”.
Carlos Eduardo Pereira respondeu:
– Pedi para que o nosso vice jurídico (Domingos Fleury) avaliasse as declarações no mínimo irresponsáveis. Espero que sejam opiniões pessoais que não reflitam as opiniões de Flamengo e Portuguesa. Estamos avaliando providências jurídicas quanto a essa pessoa.
Quando o estádio vai ser liberado para jogos?
O presidente do Flamengo afirmou que, finalmente, a obra da Ilha vai estar pronta no final deste mês de abril. Anteriormente, o clube chegou a falar em 60 dias para conclusão de obras, começando em janeiro.
– Isso estamos terminando agora essa obra. Não tem buraco aberto. Buraco que tem é o da obra que está sendo feita. No final do mês já podemos usar a Ilha com toda a segurança, o que não acontecia quando chegamos lá – afirmou.