Jornalistas vêem Muricy em dívida com Flamengo.
Foto: Gilvan de Souza/ Flamengo |
UOL: Muricy Ramalho enfrenta um momento delicado no comando do Flamengo. Pressionado nos bastidores após as eliminações na Primeira Liga e no Campeonato Carioca, o técnico precisa de resultados nos primeiros jogos do Campeonato Brasileiro e também avançar na Copa do Brasil para espantar o risco de demissão.
O treinador passou em 2015 por uma espécie de estágio no Barcelona e chegou ao Rubro-negro disposto a implementar mudanças baseadas no clube catalão. O rendimento do time desde a sua chegada, porém, virou alvo da torcida.
Os espaços entre os jogadores e a passividade como as derrotas são enfrentadas incomodam. Muricy tem o respaldo da diretoria, mas os resultados jogam contra.
A reportagem ouviu os blogueiros do UOL Esporte para saber o que pensam do trabalho daquele que já venceu o Brasileirão quatro vezes. São diversos questionamentos e dúvidas sobre o futuro. Até o momento, a condução do Flamengo é avaliada como ruim e a interrupção do projeto possibilidade considerada pelo histórico recente.
Paulo Vinícius Coelho: “O trabalho é insatisfatório. Esperava que o time estivesse melhor. As conversas com os dirigentes do Flamengo apontavam para uma equipe pronta no começo do Campeonato Brasileiro. Isso não aconteceu e foi o principal fracasso. A sensação é a de que esses meses iniciais não serviram para arrumar o time. O Muricy tem estilos diferentes na carreira, mas não conseguiu o que se propôs a fazer. O melhor momento do Flamengo foi quando teve quatro jogadores no meio de campo. O sistema até está definido. Ele joga no 4-3-3 ou 4-4-2. O problema é que a equipe não tem um padrão para jogar assim. Não se sabe o local em que a bola sai e onde chega, quem marca, quando o Mancuello vira armador ou homem de proteção… Essa é uma clara deficiência. O Flamengo não encontrou um jeito confiável e que os torcedores saibam como será na próxima partida. O mínimo que se espera em um ano de trabalho é que o Muricy seja quarto colocado no Brasileiro e lute para ser campeão da Copa do Brasil. Acho que se o Flamengo contratou o técnico mais vencedor do Campeonato Brasileiro nos últimos dez anos é para permitir um trabalho. É preciso dar um ano pelo menos. Se terminar em 10º no Brasileiro, demite. O que não pode é demitir a cada quatro meses, mesmo que se perceba um trabalho aquém do imaginado”.
Juca Kfouri: “A minha sensação é a do cara que saiu do Brasil, não aprendeu a língua do país para o qual viajou e esqueceu o português. Ele abdicou de uma forma de ser e não soube colocar as coisas no lugar. O time não deu liga e não há motivos por enquanto para acreditar que vá funcionar. Não acho que tenha tempo suficiente para isso. Foram duas eliminações, derrotas para Confiança e Fortaleza e o discurso de que isso tudo não foi grave. Não se justifica minimizar os resultados. Isso me deixa surpreso. A aparência light que ele quer passar não combina. É uma coisa híbrida, sem personalidade”.
Rodrigo Mattos: “Ao voltar ao futebol no Flamengo, e após passar um tempo no Barcelona, Muricy tentou de fato mudar o estilo marcado pela forte defesa e pelas bolas alçadas na área. A intenção era armar a equipe no que se convencionou chamar de 4-1-4-1, parecido com o Corinthians-2015. Assim, teoricamente, seu time dominaria o adversário com mais posse de bola e ainda saberia recompor a defesa. O problema é que a linha de quatro da frente formada por Cirino, Arão, Mancuello e um quarto não vingou até agora. Os movimentos não são coordenados como o sistema exige. Ou faltou treino ou eles não foram executados com eficiência. O esquema 4-4-2 tampouco resolveu o problema e a equipe continuou bagunçada. Não adianta só querer mudar de estilo como técnico: tem que se preparar para isso. E até agora Muricy não demostrou estar pronto”.