Josuel destaca experiência de jogar com a torcida do Flamengo.
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GARRAFÃO RUBRO-NEGRO: Durante a série semifinal contra Mogi, o Garrafão Rubro-Negro começou esse especial e entrevistou Janjão e Ratto. Agora, às vésperas do jogo quatro da decisão nacional contra Bauru, que ocorrerá no próximo fim de semana, chegou a vez de Josuel. O ex-jogador atuou pelas equipes finalistas e tem um nome muito respeitado no basquete nacional.
Natural de Barueri-SP, Aristides Josuel dos Santos começou sua carreira no Guarujá, mas apareceu no Franca. Depois, passou por Rio Claro, Corinthians/Pony e Ribeirão Preto, antes de chegar ao Flamengo, em 1999. No time da Gávea, conquistou o título Estadual do ano e se encantou pela torcida.
– Aquele título estadual foi completamente diferente. Era uma torcida gigantesca, e eu nunca tinha tido essa experiência de jogar em uma equipe com torcida de massa, que vinha do futebol. Comemorar com os torcedores foi muito legal. O fato de jogar com vários atletas que eu já atuava na Seleção foi um ponto positivo para que o título acontecesse. Foi a primeira vez que joguei com Ratto, Pipoka e Caio Cazziolato, mas existia o fator entrosamento com os que eu já jogava há um ano, como: Oscar, Paulinho Villas-Boas, Duda e Robyn Davis. Conquistar esse campeonato com esses atletas e a torcida apaixonada do Flamengo foi uma experiência marcante – definiu.
Três anos depois dessa conquista, o ex-pivô foi jogar em Bauru. Lá, foi campeão do Campeonato Brasileiro, e atuou com Leandrinho, hoje no Golden State Warriors, Marquinhos, ídolo do Fla, e Murilo, que rodou por vários clubes, mas voltou para casa. As lembranças são positivas.
– Foi um ano abençoado, em que a equipe chegou jogando em conjunto, e conseguiu um título muito importante. Vencemos todos os desafios desde o início da temporada, nos encaixamos, e as coisas foram acontecendo naturalmente. Foi um título gratificante e a cidade nos recebeu muito bem. Tive a honra de ver meu filho nascer e, com apenas seis meses, comemorar, junto comigo, no meio da quadra. Na empolgação, além do título, era meu aniversário. Então, levantei meu Lukas, a torcida aplaudiu e ganhei o apelido de ‘Rei Leão’. Fico muito feliz por ver até onde esses três chegaram no basquete. Quando nós jogamos juntos, eram promessas. O Leandrinho tinha mais espaço, pois era titular. Ele conquistou seu sonho, que era jogar na NBA, por acreditar e correr atrás. Está lá até hoje e venceu todos desafios e lesões. Agora, pode ser bicampeão após uma temporada muito boa e, inclusive, eu estou na torcida por isso. O Marquinhos sempre demonstrou muito talento. Além de jogarmos em Bauru, estivemos juntos em Mogi e no Pinheiros. Pela sua qualidade, acho que poderia ter permanecido mais tempo na NBA. Atuou no forte basquete europeu e hoje é um dos principais jogadores do país e da Seleção Brasileira, sendo importante para os Jogos Olímpicos. Murilo já foi eleito melhor jogador do NBB e isso é fruto de muito trabalho. Hoje, tenho muito contato com ele, devido aos treinos que fazemos juntos. Vejo seu esforço diário e a busca por aperfeiçoar seus momentos. As conquistas desses três atletas são consequências de pessoas que trabalharam muito. Espero, de alguma forma, ter contribuído para esse ótimo rendimento deles e continuo na torcida para que joguem em alto nível por muito tempo – comentou.
Com a camisa da Seleção Brasileira, disputou duas Olimpíadas, três Pré-Olímpicos, dois Mundiais, três Pan-Americanos e etc. O currículo é recheado e foi impossível não citar alguns momentos especiais. Ainda assim, restou espaço para um jogo marcante pelo Flamengo.
– Vestir a camisa da Seleção sempre foi um privilégio. Foram dez anos servindo o time principal ao lado dos melhores jogadores do país e jogando contra atletas, como: Michael Jordan, Magic Johnson, Shaquille O’Neal e Drazen Petrovic. Cada campeonato reserva algo diferente para o atleta, mas poder jogar Olimpíadas por duas vezes e ter a oportunidade de jogar contra o melhor time da história, mais conhecido como Dream Team, tem um sabor muito especial na minha carreira. Nessa mesma edição dos Jogos Olímpicos, em Barcelona, contra a Alemanha, entrei em quadra e pude ajudar o Brasil a virar o placar, marcando vinte pontos na ocasião. Também não posso esquecer da medalha de ouro conquistado no Pan-Americano de Winnipeg-99, o título mais importante da minha carreira com a camisa do Brasil. Me sinto honrado por fazer parte de um capítulo importante na história do basquete nacional. No Flamengo, é difícil destacar um jogo só, principalmente, por tudo que acontecia. Mas um dos mais importantes que teve foi contra o Botafogo, no Maracanãzinho, final do Campeonato Carioca de 1999, que o Oscar não pôde jogar porque tinha uma lesão e eu ajudei, de forma efetiva, o nosso time a conquistar uma vitória. Esse foi o jogo de uma entrevista conhecida do Oscar, onde ele acabou me elogiando bastante por ter ajudado os companheiros naquela decisão – relembrou.
Quando o assunto é Oscar, o que não falta é história para contar. Após a passagem pelo Flamengo, os dois se reencontraram anos depois, em 2005, no time do Rio de Janeiro, campeão brasileiro na ocasião. O maior ídolo brasileiro foi responsável pela montagem do elenco.
– Jogar com ele foi um privilégio, tanto na Seleção, como nos clubes. É uma pessoa que me valorizou muito como atleta e que sempre me cobrava sabendo do potencial. E essa cobrança sempre foi positiva e, apesar das broncas, ele fazia tudo que falava e treinava com muita intensidade, buscava ao máximo conquistar títulos. Foi Deus que colocou para fazer parte da minha carreira. Fiquei muito feliz por ter sido seu atleta no Rio de Janeiro, que foi uma das melhores equipes que joguei. Como dirigente, Oscar teve a sabedoria de administrar um time de grandes talentos e fazer com que cada um entendesse sua posição para que não atrapalhasse o rendimento geral. O ‘Mão Santa’ nos ajudou e fomos campeões nacionais. Foi uma honra tê-lo como companheiro de quadra e dirigente – elogiou.
Para quem não lembra, o gigante de 2,05m atuou durante três edições do NBB pelo Pinheiros. No time paulista, foi companheiro de Olivinha, de quem guarda boas lembranças e é só elogios. Ao encerrar, avaliou o momento atual do basquete e elogiou Demétrius Ferraciú e José Neto.
– O Olivinha é um guerreiro, um cara que lutou muito, sempre com raça, para super todas as dificuldades que tinha por ser menor que os outros atletas da posição. Desde a época do Flamengo, nós brincávamos que parecia que tinha um ‘imã’ na bola, de tanto que pegava rebotes. Raça e disposição sempre foram seus diferenciais. Fico satisfeito pela fase que ele se encontra, é um jogador extremamente importante em uma das melhores equipes do país. Hoje, por estar do outro lado, treinando os pivôs de Bauru, me “irrita” um pouco porque dá muito trabalho, mas é algo que ele merece por tudo que viveu com muita vontade. A principal diferença do basquete de hoje para o de antigamente, é que hoje temos um basquete mais físico, com jogadores mais fortes que no passado, onde o o jogo era técnico. Sobre Flamengo e Bauru, alguns importantes fatores fazem as duas equipes serem potências no basquete nacional: planejamento sério, manutenção do elenco e comissão técnica, boas peças de reposição e, principalmente, o trabalho a longo prazo. O Flamengo, desde o início da história do NBB, participa como um dos favoritos ao título. Já o Bauru vem em uma crescente, participou de todos os playoffs, mas nos últimos dois anos colheu frutos do trabalho e se tornou favorito também. Acredito que os jovens treinadores trazem uma nova maneira de jogo e, se estão auxiliando o Rubén Magnano, merecem. Tanto o Neto, quanto o Demétrius, estão de parabéns pela capacidade de levar esses jogadores a grandes conquistas e pelas campanhas – finalizou.