Mansur aprova novo estilo do Flamengo jogar.
Foto: Marcelo Carnaval |
O GLOBO: A rigor, a melhor notícia que o Flamengo trouxe de Volta Redonda foi o resultado, a vitória por 1 a 0 sobre o Sport, assegurada graças a um bom início de jogo. Porque depois, alternou entre um time com dificuldade para tomar a rédea do jogo, e uma outra versão, esta com mais posse de bola do que agressividade ou contundência. O gesto de Muricy Ramalho ao apito final, com os punhos cerrados celebrando o resultado, é ilustrativo. Num momento de instabilidade, de desconfiança, vencer o jogo pode ajudar este Flamengo a iniciar o Brasileiro com menos pressões. Ainda que a atuação, contra um rival que jogou todo o segundo tempo com dez, não tenha sido boa.
A frase usada por Muricy para comentar o jogo também é bastante esclarecedora sobre o momento.
— Todo mundo achava bonito o Flamengo ousado. Mas perdemos todos os jogos. Agora, vamos jogar para ganhar — disse o treinador rubro-negro.
Por mais que o projeto para 2016 fosse formar um time com boa posse e toque de bola, por vezes há características dos jogadores que terminam por se impor. E a formação do Flamengo deste sábado fez o time ser sempre mais perigoso quando retomava a bola e contra-atacava em velocidade. Uma equipe de soluções rápidas, em poucos toques. Não que tenha sido brilhante, longe disso. Porque custa muito pouco para que este Flamengo, ainda mais em momento de ansiedade por resultados, confunda velocidade com pressa, afobação. Nestes momentos, o resultado é a perda de bola rápida e o descontrole no jogo. Foi o que ocorreu no primeiro tempo. Após construir sua vantagem, viu o Sport dominar. Os pernambucanos chutaram pouco, mas tiveram um gol mal anulado.
Ao contrário do que fazia supor a presença de Sheik e Éverton no time titular, o Flamengo não começou com um 4-3-3. Muricy montou um 4-4-2, aproximando Sheik de Guerrero no centro do ataque. A linha de meias tinha Cuellar e Mancuello centralizados, Éverton pela esquerda e Willian Arão pela direita. Os dois últimos alternavam entre a construção de jogadas pela lateral e, quando o lance se desenrolava pelo lado oposto, tinham liberdade para buscar o meio e chegar à área.
Funcionou por 15 minutos. O Flamengo pressionava o rival, era intenso e, ao tomar a bola, jogava em velocidade. Pela direita, Willian Arão viu Éverton na área e cruzou. Em cinco minutos, o Flamengo saía na frente.
Foi o tempo para o Sport decifrar a forma de o Flamengo jogar e ganhar o meio-campo, onde por vezes Cuellar e Mancuello se viam em inferioridade numérica. Diego Souza, em tese um segundo atacante do Sport, se juntava a Rithely e Gabriel Xavier. Mesmo sem que Paulo Victor fosse obrigado a grandes defesas, bola rondava a área do rubro-negro do Rio de forma perigosa.
Antes do início do Brasileiro, Muricy revelou quer buscaria um Flamengo capaz de variar de esquema tático. Foi útil, ontem. Na parte final da primeira etapa, o técnico migrou para um time que se defendia no 4-1-4-1 e atacava no 4-3-3. Tentou povoar o meio ao trazer Willian Arão para uma faixa mais central. Éverton passou a jogar como extrema pela direita e Sheik na esquerda. O time equilibrou o jogo defensivamente, mas construiu pouco.
No segundo tempo, a expulsão de Rithely com um minuto fez o Flamengo ficar, definitivamente, livre de qualquer ameaça em sua área. Mas o time, com a bola, abusava da correria em ações descoordenadas. A ansiedade enchia o time de erros individuais e não permitia ao Flamengo tirar vantagem da expulsão no rival.
Muricy trocou Sheik e Guerrero por Cirino e Éderson. Depois, lançou Alan Patrick num time que, aos poucos, cadenciava o jogo e melhorava a posse de bola. Mas havia mais passes laterais do que finalizações. Ao menos, o Flamengo corria pouquíssimos riscos. O time tocava mais, fazia o jogo acontecer no campo rival. As chances, de fato, só surgiram quando o Sport tentou uma cartada no fim e cedeu mais espaços. Éderson, que entrou como um centroavante no lugar de um tenso e impreciso Guerrero, obrigou Magrão a ótima defesa. Assim como Alan Patrick. Cirino desperdiçou dois contra-ataques e a apreensão da torcida durou até o apito final.
Por Carlos Eduardo Mansur