Mauro Cezar aponta defeitos na Gestão do Futebol do Flamengo.
Foto: Gilvan de Souza / Flamengo |
MAURO CEZAR PEREIRA: Cristóvão Borges, Pará, Wallace e agora Rodrigo Caetano. O Flamengo segue elegendo culpados para sua ineficiência no futebol e, consequentemente, se afasta da solução. Apontam o vilão errado, ora torcedores, ora cartolas, conselheiros e corneteiros. Saem das tocas urrando por providências até ex-presidentes que levaram o clube a uma situação crítica nas partes administrativa e financeira.
A “bola da vez”, como disse um dirigente ao blog, é o diretor executivo Rodrigo Caetano, fritado nos bastidores por dirigentes e conselheiros que entendem tanto de futebol como um camelo. Alguns são meros torcedores totalmente sem conhecimento e experiência no assunto, daqueles que pensam ser possível fazer um time melhorar movido apenas pelos gritos de “queremos raça”. Há raras exceções ali. Raras.
Com isso desaparecem atrás dessa cortina-de-fumaça personagens importantes no contexto. Claro que Caetano tem sua parcela de responsabilidade na crise, mas todos os envolvidos possuem uma parte. Por que somente um é questionado, como perguntou, corajosamente, o goleiro Paulo Victor em entrevista coletiva segunda-feira?
Para ficar mais claro, enquanto no Palmeiras, por exemplo, o diretor Alexandre Mattos responde ao presidente Paulo Nobre, no Flamengo Caetano tem vários chefes. A começar pelo vice-presidente de futebol, Flavio Godinho, costumeiramente acompanhado de Plínio Serpa Pinto, vice de gabinete da presidência. Plínio comandou o futebol quando Kléber Leite presidia o clube e sua influência no departamento é óbvia.
Há ainda o diretor geral, Fred Luz. E mais acima Rodrigo Caetano tem outro chefe, o presidente. Além disso dão pitacos vários cartolas que se reúnem em comitê e fazem até votações antes de certas decisões.
Hoje o maior problema do time é técnico. Literalmente. A equipe vinha sendo muito mal treinada por Muricy Ramalho. Culpa de Rodrigo Caetano ou de Godinho, que o contratou? Culpa do executivo ou de Eduardo Bandeira de Mello, reeleito para mais três anos na presidência e que teve no prestígio de Muricy um apoio indireto no período das eleições?
Caetano tem autonomia para fazer o que quiser no futebol rubro-negro? Não. Pode demitir o treinador? Obviamente também não. Até porque além de lhe faltar poderes, o Flamengo é refém de um mal amarrado contrato, que prevê pagamentos de salários a Muricy até o fim do compromisso, mesmo se ele for demitido.
Os anteriores tinham multa equivalente a um ou dois meses da remuneração. Alguém alegará que assim o clube se protegeu de possível assédio ao treinador. Pergunto: quantos técnicos deixaram o Flamengo para aceitar proposta melhor nos últimos 50 anos?
Se Caetano desse um chapéu no Bayern e contratasse o Hummels, o que adiantaria com Muricy perdido no cargo? Ele tem uma função de viés administrativo e é o cara que precisa ver o mercado, contratar. Erra também, claro. Mas respondendo a tanta gente é possível fazer o que dele se espera? Discurso moderno e métodos antigos, com dirigentes corneteiros que sabem nada de futebol a se meter e a fritar um para poupar outros? É essa a gestão “moderna” do Flamengo? Alguém aí ainda não entendeu porque após conquistar a Copa do Brasil em 2013 o time só faz vergonha?