O remédio para Muricy.
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REPÚBLICA PAZ E AMOR: Logo na hora do almoço fico sabendo que Muricy teve um treco e baixou hospital. A primeira coisa que pensei foi que para o emprego de técnico do Flamengo não existe salário alto demais. A segunda foi a vasca e em terceiro lugar pensei que o cardiologista que atendesse o Muricy tinha que proibir terminantemente que ele assistisse ao jogo do basquete. Que, como sabemos, é um esporte extremamente prejudicial à saúde de quem assiste. Principalmente à saúde do torcedor do Flamengo, esse homem cordial por excelência.
Não que eu não tenha me preocupado com a reação do nosso time de futebol à notícia. Me preocupei, inclusive dediquei uns pensamentos contritos à pronta recuperação do professor. Mas quase instantaneamente coloquei meus óculos cor-de-rosa mentais e concluí que seria bom pro time esse perrengue. Que era um motivo a mais pra rapaziada mostrar união, honrar o Manto, comer grama, suar sangue e trazer a porra da classificação pra 3ª Fase da Copa do Brasil, que é, obviamente, obrigação.
Mas a verdade é que, já na hora do almoço, só me preocupava com o basquete. O 5º jogo contra o fortíssimo time de Mogi, no Tijuca, seria o grande momento esportivo do Flamengo em 2016 e a adrenalina que a proximidade com um tudo ou nada no basquete provoca é muito pouco diferente da adrenalina provocada por uma decisão no futebol. É bem verdade que ainda tinha um antepasto de 90 minutos de futebol pra encarar antes do prato principal da bola laranja. Decisão do Brasileiro de Futebol Feminino, Flamengo x Rio Preto. Não ganhamos nem empatamos a primeira partida da decisão, mas uma coisa ficou clara até pra quem ainda não conhecia o simpático time das meninas rubro-negras: assistir futebol feminino é pra macho.
Como era de se esperar, o jogo de basquete foi de lascar, decidido apenas no final do último quarto, como sói acontecer pra quem nasceu sob o signo do perrengue. O Flamengo está mais uma vez na final da NBB. É pra glorificar de pé. Quando nos referimos a esses caras do basquete do Mengão como o Orgulho da Nação não tem um cisco de exagero. Eles são apenas foda. Quando a rapaziada do nosso futebol alcançar 50% do nível de competitividade do basquete, teremos novamente o melhor time do mundo. É uma questão de tempo e de investimento pra chegarmos lá.
Evidente que jamais chegaremos a Tokio tão cedo se hoje à noite, em Volta Redonda, não formos capazes de passar o rodo protocolar sobre o simpático visitante alencarino que nos enfrentará com a vantagem do empate. Com todo o respeito ao futebol cearense, fortalezense e adjacense, o Flamengo, por tudo que é e representa, não pode sair da única competição macha do futebol nacional eliminado por um time que nem na 1ª Divisão está. Como dizia o Dr. Delegado, infelizmente na lei do homens a gente vale o que é e somente o que tem.
E o que temos é que o Flamengo só hoje, no 129º dia do ano, conseguiu chegar numa partida decisiva. E antes que os auditores contestem minhas contas com dogmas da contabilidade ortodoxa, explico: – Carioca não vale nada, não provoca emoções elevadas, é basicamente fofoca. E a Primeira Liga, muito louvável, palmas para todos, ainda não adquiriu a musculatura capaz de fazer com que fiquemos nem levemente nervosos diante de suas partidas decisivas. Para mim, Flamengo x Fortaleza é a primeira decisão do ano. O que passou, passou, se valia pouco, dane-se, essa eu quero ganhar.
A pressão é toda em cima do Flamengo, e ainda por cima, essa parada sinistra do Muricy. Quer motivo maior pra uma grande exibição? O Flamengo, não é segredo pra ninguém, se agiganta nessas horas incertas. Já tem acontecido várias vezes o seguinte: – quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juízes, bandeirinhas, tremem, então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada…
Bem, me permitam interromper o bardo tricolor, mas ainda não chegou esse dia. O Flamengo ainda precisa muito de um treinador, pelo menos até que o professor dê um jeito na porra da nossa defesa e nos dê a segurança necessária para, aí sim, pendurar …apenas a camisa aberta no arco para que se torne uma bastilha inexpugnável. Até então vamos torcer pro professor voltar inteirão e rapidinho.
Portanto, rapaziada, hoje é dia de fazer muito gol dedicado ao Muricy e comemorar correndo pra câmera e fazendo coraçãozinho. Ele vai sentir na hora que não ainda não inventaram remédio melhor pra arritmia cardíaca do que gol do Flamengo.
Mengão Sempre
Arthur Muhlenberg