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quarta-feira, 23 outubro, 2024

Segundo jornalista, Flamengo quer se livrar de Guerrero.

Nesta janela do meio do ano, empresários vão tentar agir. Enquanto isso, Rodrigo Caetano tentará Hernane.
17 de maio de 2016
Foto: Divulgação

COSME RIMOLI: O fracasso do projeto de R$ 42 milhões. O Flamengo quer se livrar de Guerrero. Empurrá-lo para a China ou Oriente Médio. O sonho é recontratar Hernane Brocador. Sem mídia, sem pose. Mas eficiente e baratinho…

Em agosto de 2014, o Flamengo vendia Hernane. Com o maior prazer. O “Brocador” era motivo de ironias e piadas da própria torcida. Incapaz de driblar, tabelar, infiltrar. Artilheiro das antigas, que depende exclusivamente dos companheiros. De cruzamento, lançamento, assistência.

A diretoria aceitou satisfeita a proposta feita pelo Al Nassr da Arábia Saudita. R$ 14 milhões. Metade para o Flamengo e a outra parte dividida entre o empresário do atleta, Paulo Pitombeira, e o Mogi Mirim.

Àquela altura, a diretoria de Eduardo Bandeira de Mello acompanhava o que acontecia no Corinthians. A renovação de Paolo Guerrero já se mostrava quase impossível. Com os agentes rompendo com o então presidente, o delegado Mario Gobbi.

O sonho era trocar o tosco Hernane pelo refinado, midiático Guerrero. O marketing do clube carioca o que queria transformar no maior ídolo do futebol brasileiro. Em uma operação envolvendo R$ 42 milhões, o peruano tatuado foi parar na Gávea.

No Rio, recebeu R$ 700 mil mensais e o contrato de três anos que tanto queria. É verdade, a diretoria prometeu que contrataria jogadores importantes. Ele seria o chamariz de uma equipe forte, competitiva, com potencial para ser a melhor do Brasil. Não foi o que aconteceu.

Cristóvão e Oswaldo de Oliveira tiveram um time fraco. E com Guerrero sacrificado. Como maior estrela, arcou com as cobranças de torcida, mídia e da própria diretoria.

Eduardo Bandeira de Mello já assumiu. Não conhece profundamente esse esporte chamado futebol. Sua formação acadêmica o fez excelente em questões do Meio Ambiente e economia, o que demonstrou trabalhando décadas no BNDES.

Tivesse um pouco mais de conhecimento técnico saberia que Guerrero pode ter uma bela estampa. Ser fotogênico. Usar ternos Armani, comprar uma mansão de R$ 10 milhões no condomínio Lagoa Mar Azul, um dos mais belos do Rio de Janeiro. Despertar a atenção dos paparazzi por onde vá.

Mas dentro do campo, o atacante é como um Brocador refinado. Ele tem mais técnica. Sabe tabelar, driblar, infiltrar. Mas também é grande dependente do time. Quando perde a paciência e diz que não joga sozinho, é verdade. Ele está completamente isolado na frente. De uma equipe ruim, fraca, que não condiz com a força do Flamengo.

Pobre iludido quem envolveu R$ 42 milhões do Flamengo acreditando que Guerrero resolveria os profundos problemas de elenco. As coisas pioraram quando foi contratado Muricy Ramalho. Ter um grande técnico e um artilheiro importante está longe de ser suficiente para grandes conquistas. E até mesmo pequenas, como a Primeira Liga ou o Campeonato Carioca.

Guerrero foi trunfo para a reeleição de Eduardo Bandeira de Mello. Além da digna postura de cortar drasticamente as dívidas rubro negras, qualquer presidente precisa ter grandes jogadores na Gávea. Ao menos para dar esperança à torcida. Só que a esperança virou frustração.

Foram dois longos jejuns. Daqui a 12 dias, ele completará um ano de Gávea. E seus números são vergonhosos. Para a expectativa que gerou. Apenas 13 gols. Quase um mísero por mês. Ainda restam dois anos de contrato. O jogador já tem 32 anos.

Quando o diretor do Flamengo, Rodrigo Caetano, se expõe e, em pleno encontro da Associação Brasileira de Executivos de Futebol, pede auxílio à CBF para ter de volta Hernane, a situação fica explícita. O clube assume o fracasso da contratação de Guerrero.

Demorou, mas a diretoria percebeu que o melhor teria sido investir R$ 42 milhões em seis jogadores muito bons. E não apenas em um artilheiro.

O Al Nassr não pagou os R$ 7 milhões pelo Brocador. Com os juros, a quantia chega a R$ 18 milhões. O clube carioca o quer de volta. Entre 2012 e 2014, Hernane jogou 87 partidas na Gávea. Marcou 45 gols, 36 desses em 2013, quando foi o grande destaque no título da Copa do Brasil de 2013. Conquistou também o Carioca em 2014.

A situação de Guerrero está ficando constrangedora. Na partida contra o Sport, outra vez ele não marcou. Jogou mal. E foi vaiado e muito xingado pela torcida flamenguista. A mesma que o carregou em triunfo ao ser contratado no ano passado.

Ao ser substituído por Ederson, aos 29 minutos do segundo tempo, Guerrero não suportou ser desprezado pela torcida do seu clube. E saiu falando palavrões. Como é de hábito, negou que fosse para os torcedores. Disse que estava se xingando também. Acredite quem quiser.

A verdade é que Guerrero e Flamengo sabem que o projeto não deu certo. O que um esperava do outro não se realizou. Quando Rodrigo Caetano sinaliza querer Hernane de volta, não é para ser mera sombra do peruano. Não. O deseja para o lugar do caríssimo atacante. Tem tudo para ser mais barato e mais eficiente.

Ele recebia, feliz da vida, R$ 150 mil na Gávea.

O problema é mercado para Guerrero. Empresários vividos são diretos. Só a periferia do futebol mundial. China e Oriente Médio. Só esses lugares bancariam jogador com tanta idade e de salário tão caro.

O Flamengo gastou cerca de um terço do prometido a Guerrero. Foram R$ 14 milhões dos R$ 42 milhões. Não pretende gastar os R$ 28 milhões restantes. A saída mais racional é admitir que o jogador fez o sucesso que fez no Corinthians porque tinha companheiros à altura.

Na prática, ele não fará falta alguma à Gávea.

Ainda mais com Muricy assumindo que desistiu de seu projeto Barcelona. E passou a apelar ao futebol de resultado. Com muita marcação, superlotação nas intermediárias, bolas esticadas, muita velocidade nos contragolpes. E o abuso de cruzamentos aéreos. Nada de refinado toque de bola. O treinador acordou. Esse esquema não é para o seu fraco elenco.

Guerrero e o Flamengo tentarão se livrar um do outro.

Nesta janela do meio do ano, empresários vão tentar agir.

Enquanto isso, Rodrigo Caetano tentará Hernane.

No dia 27, a Corte Arbitral do Esporte dará seu veredicto.

A tendência é que faça o Al Nasser pagar o que deve ao Flamengo.

Ou ao menos uma parte e liberar o atacante.

Desde que o Bahia dê sua anuência.

Enquanto isso no Parque São Jorge há muita alegria.

Andrés Sanches e seus parceiros torciam muito contra Guerrero.

Pediram para o jogador ter paciência, seguir no Corinthians.

Mas a resposta do artilheiro do Mundial de 2012 foi forte.

Seria valorizado no Flamengo.

O tempo mostrou.

Está para ser empurrado para a China ou para o futebol árabe.

E substituído, com alegria, pelo simplório Brocador…

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